Estes passos vão se enrolando como uma fita azul bem escura
enterrando-se nos estofos úmidos das folhas
virando mofos, soltando sementes, reproduzindo-se num
silêncio molhado e esgarçado, resinando num muco acre,
condenando.
De dentro da floresta, faz companhia a uns insetos alados,
investigativos, a pele que se torna membrana mole, e vai
cedendo a uns focinhos gulosos que sugam mas não matam sua próprio essência, pois
se sabe que nada morre efetivamente por estas bandas.
Estas canelas que derretem nos mangues vão se rebaixando,
mas com dignidade, aceitando a condição úmida de que
o adubo é também um tipo de sêmem, e as visões mais fatais da floresta
têm de ser, por piedade, um tipo de cura.
Então, diante deste imiscuir-se enredado neste destino
vegetal, cada uma destas árvores se revela
como mãos clementes, enterradas e invocando os céus, de gigantes latentes, há
tanto tempo enjaulados, que testemunham, sem emitir julgamento, a liturgia que
celebra o encalacrar-se deste recém-nascido ser eterno.