terça-feira, 10 de abril de 2007

Sétimo poema: sempre fui um leitor razoável de ficção científica e fantasia. Influência do meu pai, que adorava Isaac Asimov e Arthur C. Clarke. Depois, acabei deixando esses bons gêneros um poucos afastados paran cuidar mais da considerada literatura "séria". Recentemente, percebi que a fantasia é bem mais séria que qualquer tipo de realismo. Parece-me que há coisas nas nossas possiblidades de pensamento que só se executam através de uma resolução do real pela fantasia. O poema a seguir, portanto, é sobre exatamente isso que vocês estão pensando mesmo. Não tem muita fabulação ou acessórios cretinos de representação. Tentei simplesmente pensar um pouco o gênero. Escrevi há poucos dias.

Ficção Científica

O golem é uma figura mítica – não científica.
Abstrai-se um zunido em colapso.
No útero do meu ouvido, apenas um zumbido.
Não há nada para se fazer diante da placidez de um conto de ficção [científica.
Áridas carcaças metálicas.
Na terra do sol, um poente apocalíptico.
Aftermath.
Consciência que regurgita.
Sigo mascando entranhas de latão.
No zênite da fantasia fabulística
há um revés de humanidade.
O golem rumina.
Duplo-cortante, a fantasiação adorna couros de ciência.
Quem sabe não é aquele devir longínquo?
Flashfoward.
Recalque pregresso.
Pudera eu sonhar com armaduras de ouro, espaçonaves de diamante.
Mas se era tudo mesmo a respeito da consciência,
era mais sobre um imaginar tergiversante.
Desembarcar é sempre uma comoção auto-flagelante.
Há um tempo morto que unifica o conhecer-se e o enclausurar-se.
Olhos vibram diante desse romantismo cheio de piercings.
Discurso rosa-choque, que ebule.
Mas as máculas do calor e do vento neutralizam o futuro.
Golens beijam na boca de robôs.
Fadas entregam seus corpos aos ciborgues.
A partir da chuva de gases alucinógenos brotam flores científicas.
Dos nossos delírios esparramados no deserto
restam apenas visões de ficção.

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