domingo, 7 de junho de 2009

FECHA O CICLO

Perdoem pela demora. É que foram anos para se fechar o ciclo. Agora, tenho um poema "Achar", outro "Torcer" e outro "Perder". A vida não se resume a apenas isso, de qualquer forma? Dedico a trilogia ao poeta Antônio Cícero, que me inspirou com seu poema "Guardar", e com quem tive certa vez uma rápida oportunidade de conversar sobre Kant.

PERDER

No momento em que a perda se consuma
atravessa-nos um calafrio gélido,
como se de choques e fontes elétricas
nos alimentássemos até que,
num virulento escoar desta então organizada rede vital,
percebemos que o rombo se torna equiparável a uma tomada que se [desliga.

Há algo, é claro, que se identifica com a morte,
No sentido de que partes de um corpo se desligam,
e que lentamente sentimos a fraqueza orgânica,
sinal de que, se a mente perde uma conexão,
o corpo não mais se irriga dentro de todas as suas potencialidades.

Este colapso, esta paralisia fúnebre, no entanto,
é um consolo para o corpo quebrantado
e a mente claudicante,
que passam a irradiar uma energia febril inesperada.
Energia que não vem de uma reserva, mas de uma potência [descompensada.
O defunto desperta sob novas leis físicas,
num caleidoscópio de pulsões loucas.
E o que antes era falta, rombo,
se torna um eterno possuir enganado.

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